Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (anterior a
1743) e no Arquivo Romano da
Companhia de Jesus, em
Roma.
A sua história tem o seu início em meados de
1717, quando chegou a
Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, D.
Pedro de Almeida e Portugal, governador da então
Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, iria passar pela povoação a caminho de
Vila Rica (atual cidade de
Ouro Preto), em
Minas Gerais.
Desejosos de obsequiá-lo com o melhor
pescado que obtivessem, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves lançaram as suas redes no
rio Paraíba do Sul. Depois de muitas tentativas infrutíferas, descendo o curso do rio chegaram a
Porto Itaguaçu, a 12 de Outubro. Já sem esperança, João Alves lançou a sua rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de
Nossa Senhora da Conceição sem a
cabeça. Em nova tentativa apanhou a
cabeça da imagem. Envolveram o achado em um lenço e, animados pelo acontecido, lançaram novamente as redes com tanto êxito que obtiveram copiosa pesca.
Durante quinze anos a imagem permaneceu na residência de Felipe Pedroso, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para
orar. A devoção foi crescendo entre o povo da região e muitas graças foram alcançadas por aqueles que oravam diante da imagem. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. Diversas vezes as pessoas que à noite faziam diante dela as suas orações, viam luzes de repente apagadas e depois de um pouco reacendidas sem nenhuma intervenção humana. Logo, já não eram somente os pescadores os que vinham rezar diante da imagem, mas também muitas outras pessoas das vizinhanças. A família construiu um oratório, que logo se mostrou pequeno. Por volta de
1734, o vigário de Guaratinguetá construiu uma
capela no alto do morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em
26 de Julho de
1745. Diante do aumento no número de fiéis, em
1834 foi iniciada a construção de uma
igreja maior - a atual
Basílica Velha.
Em
6 de Novembro de
1888, a
Princesa Isabel visitou pela segunda vez à
basílica e ofertou à santa uma
coroa de
ouro cravejada de
diamantes e
rubis, juntamente com um manto azul. No ano de
1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da
Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos
romeiros que acorriam aos pés da imagem para rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.
A
8 de Setembro de
1904, a imagem foi coroada, solenemente, por D. José Camargo Barros, com a presença do Núncio Apostólico, muitos bispos, o Presidente da República e numeroso povo. Depois da coroação o Santo Padre concedeu ao santuário de Aparecida mais outros favores: Ofício e missa própria de Nossa Senhora Aparecida, e
indulgências para os romeiros que vêm em peregrinação ao Santuário. No dia
29 de Abril de
1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor, sagrada a
5 de setembro de
1909 e recebendo os ossos de
São Vicente Mártir, trazidos de
Roma com permissão do Papa. Quase vinte anos depois, a
17 de Dezembro de
1928, a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município. E, em
1929, Nossa Senhora foi proclamada Rainha do Brasil e sua Padroeira Oficial, por determinação do
Papa Pio XI.
Em
1967, ao completar-se 250 anos da devoção, o Papa
Paulo VI ofereceu ao Santuário a “
Rosa de Ouro”, reconhecendo a importância da santa devoção.
Em
4 de julho de
1980 o Papa
João Paulo II, em sua histórica visita ao Brasil, consagrou a Basílica de Nossa Senhora Aparecida em solene missa celebrada, revigorando a devoção à Santa Maria, Mãe de Deus.
No mês de maio de
2004 o Papa João Paulo II concedeu indulgências aos devotos de Nossa Senhora Aparecida, por ocasião das comemorações do centenário da coroação da imagem e proclamação de Nossa Senhora como Padroeira do Brasil
Descrição da Imagem
A imagem, tal como se encontra no interior da Catedral.
A imagem retirada das águas do rio Paraíba em 1717, é de
terracota e mede quarenta
centímetros de
altura. Em estilo seiscentista, como atestado por diversos especialistas que a analisaram (Dr.
Pedro de Oliveira Ribeiro Neto, os monges beneditinos do
Mosteiro de São Salvador, na
Bahia, Dom
Clemente da Silva-Nigra e Dom
Paulo Lachenmayer), acredita-se que originalmente apresentaria uma policromia, como era costume à época, embora não haja documentação que o comprove. A
argila utilizada para a confecção da imagem é oriunda da região de
Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Quando foi recolhida pelos pescadores, o corpo estava separado da cabeça e, muito provavelmente, sem a policromia original, devido ao período em que esteve submersa nas águas do
rio.
A cor de
canela com que se apresenta hoje deve-se à exposição secular à
fuligem produzida pelas chamas das velas,
lamparinas e
candeeiros, acesas pelos seus devotos.
Em
1978, após sofrer um atentado que a reduziu a quase duzentos fragmentos, foi encaminhada ao Prof.
Pietro Maria Bardi (à época diretor do
Museu de Arte de São Paulo - MASP), que a examinou, juntamente com o Dr.
João Marinho, colecionador de imagens sacras brasileiras. Foi então totalmente restaurada, no MASP, pelas mãos da artista plástica
Maria Helena Chartuni.
Embora não seja possível determinar o autor ou a data da confecção da imagem, através de estudos comparativos concluiu-se que ela pode ser atribuída a um discípulo do monge beneditino frei
Agostinho da Piedade, ou, segundo Silva-Nigra e Lachenmayer, a um do seu irmão de Ordem, frei
Agostinho de Jesus. Apontam para esses mestres as seguintes características:
forma sorridente dos
lábios;
queixo encastoado, tendo, ao centro, uma covinha;
penteado e flores nos
cabelos em relevo;
broche de três
pérolas na
testa; e
porte corporal empinado para trás.